
Uma das atrações do festival Telefonica Sonidos, que juntará artistas brasileiros e latinos no Jockey Club, em São Paulo, na próxima semana, o cantor, compositor e baixista argentino Pedro Aznar falou à reportagem do Terra, por telefone, em bom português, sobre suas influências, a paixão pela música brasileira e show na próxima quinta-feira (23), quando ele dividirá o palco com a cantora Maria Gadú.
Nascido em 1959 em Buenos Aires, desde pequeno Aznar entrou em contato com o rock dos Beatles e a música brasileira. "A primeira coisa que me chamou a atenção foram os Beatles, claro. Mas lembro do maravilhoso violão do brasileiro Baden Powell, além de música clássica e o tango argentino", conta. Ele diz que sempre se viu como um músico de rock, apesar de ter flertado com diversos estilos ao longo da carreira. "Eu sempre entendi o rock como um estilo de música aberto a inclusão de estilos locais, que pode ser misturado à música de raiz, folclórica", explica.
No final da década de 70, influenciado pelo jazz fusion do baixista Jaco Pastorius, ele trocou a guitarra pelo baixo, e fundou o lendário grupo argentino de fusion Seru Giran, que curiosamente começou no Brasil, em uma viagem que ele fez a São Paulo em 1977. Tocou ainda no grupo do guitarrista de fusion Pat Metheny nos anos 80. Mas hoje ele se afastou do jazz. "Aquilo foi algo um pouco passageiro, foi uma fascinação na época. Depois me aproximei mais do formato canção, acho a canção algo muito poderoso. Até porque tenho meu lado poeta, compositor, de fazer letras", afirma.
Parcerias no Brasil
Sobre a viagem a São Paulo, em um momento onde o Brasil e a Argentina passavam por ditaduras militares, ele se lembra do clima de agitação cultural que antecedeu a abertura política brasileira. "Acho que a repressão da ditadura argentina tinha muito em comum com o que acontecia no Brasil na mesma época. Fui para São Paulo muito novo, com 17 anos, para um festival com gente como o Hermeto Pascoal e os Novos Baianos, e vi que no Brasil acontecia o mesmo que na Argentina. Era um clima de cultura fechada e tinha uma corrente de liberdade, de resistência, através da música".
O longo histórico de colaborações com artistas brasileiros, como Egberto Gismonti, Chico César, Lenine, Paulinho Moska e a dupla Kleiton & Kledir, faz com que Aznar acredite que a falta de comunicação entre a música brasileira e dos outros países latinoamericanos é um mito. "Eu acho maravilhoso um festival como esse, que une os artistas brasileiros e latinos, mas na verdade no nível dos artistas esse intercâmbio já acontece faz tempo, com, um resultado ótimo, natural. Mas infelizmente a mídia, tanto no Brasil quanto aqui, não divulga isso para o grande público".
A nova parceira brasileira é a jovem paulistana Maria Gadú, com quem Aznar divide o palco na próxima quinta-feira. "Acho o trabalho dela maravilhoso", afirma. E explica como será o show. "Cada um de nós vai fazer um set próprio, e vamos nos juntar para cantar umas três ou quatro músicas mais representativas, como Saudade, de Moska e Chico César, uma das que eu fiz a versão em espanhol".











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